sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

CARTA ESCRITA EM 2070 DC

Hoje não vou postar resumo nem resenha. Vou compartilhar com vocês um e-mail que recebi. Achei muito interessante e vale a pena refletir sobre o conteúdo. Boa leitura e reflexão.




CARTA ESCRITA EM 2070 DC


Documento extraído da revista biográfica "Crónicas de los Tiempos" de abril de 2002.
Um exercício de imaginação, que está para além da ficção. Preocupante por vermos que diariamente se desperdiça um recurso tão importante e que não é inesgotável.



     Ano 2070. Acabo de completar 50 anos, mas a minha aparência é de alguém com 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade. Recordo quando tinha cinco anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro.. . Agora usamos toalhas de azeite mineral para limpar a pele. Antes, todas as mulheres mostravam as suas formosas cabeleiras. Agora, devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem água. Antes, o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje, os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA DA ÁGUA, só que ninguém lhes ligava - pensávamos que a água
jamais podia acabar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aqüíferos estão Irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes, a quantidade de água indicada como ideal para beber eram oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo e tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado já que as redes de esgotos não se usam por falta de água. A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele provocadas pelos raios ultravioletas que já não tem a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. A industria está paralisadas e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-nos em água potável os salários. Os assaltos por um bidão de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele, uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40. Os cientistas investigam, mas não parece haver solução possível. Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores e isso ajuda a diminuir o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se também a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos e como conseqüência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações. O governo cobra-nos pelo ar que respiramos (137 m3 por dia por habitante adulto). As pessoas que não podem pagar são retiradas das "zonas ventiladas". Estas estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam a energia solar. Embora não sendo de boa qualidade, pode-se respirar. A idade média é de 35 anos. Em alguns países existem manchas de vegetação normalmente perto de um rio, que é fortemente vigiado pelo exercito. A água tornou-se num tesouro muito cobiçado - mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui não há arvores, porque quase nunca chove e quando se registra precipitação, é chuva ácida. As estações do ano tem sido severamente alteradas pelos testes atômicos. Advertiam-nos que devíamos cuidar do meio ambiente e ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse, o saudável que era a gente, ela pergunta-me: Papá! Porque se acabou a água? Então, sinto um nó na garganta; não deixo de me sentir culpado, porque pertenço à
geração que foi destruindo o meio ambiente ou simplesmente não levamos em conta tantos avisos. Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco tempo porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível. Como gostaria voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto, quando ainda podíamos fazer algo para salvar ao nosso planeta Terra!

"Crónicas de los Tiempos" de abril de 2002

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

RESENHA: A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS


     Comprei o livro apenas pelo fato de ter gostado da capa. Deixei-o guardado por um longo período sem ao menos ler a sinopse, pois, este não era o livro prioridade ou obrigatório para minhas leituras. Um belo dia, enjoada de olhá-lo parado na estante, resolvi ler ao menos as primeiras páginas. O encanto foi imediato. Comecei a ler e só parei quando cheguei à última pagina. Que livro maravilhoso, me fez chorar diversas vezes ganhando seu lugar de destaque entre os livros que já li.

Título original:  The Book Thief 
Autor: Marcos Zusak
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 480

Zusak, M. A menina que roubava livros. Rio de Janeiro, Intrínseca, 2008. 382 p.



RESENHA:

     O autor, Markus Zusak escreveu um romance maravilhoso, retratando com muita clareza os horrores do período Hitleriano, da Segunda Guerra Mundial. Uma jovem durante o período da Alemanha nazista lutando profundamente para defender seus princípios, por não se deixar manipular pelo horrível ideal de Hitler, ao passo que ela amadurece e aflora para o primeiro amor. Zusak ainda chama a atenção para algo importantíssimo: a força das palavras, a influência delas sobre o ser humano.
     O livro é uma narrativa da Morte, seu foco é a vida de Liesel e o que a ela for relacionado. Organiza-se em dez partes, cada qual com cerca de quarenta páginas, mais o prólogo onde a narradora apresenta a ela mesma e a nossa protagonista e ainda um epílogo falando sobre a morte de Liesel e o destino de alguns dos personagens secundários. Posteriormente há uma parte dedicada aos agradecimentos do autor e um trecho falando sobre ele.
      A narradora (a morte) mostra-se muito diferente do juízo que lhe fazemos. Em partes do livro ela busca dialogar com o leitor, mostrando que apesar de não ser humana, tem de certa forma sentimentos. Após apresentar-se ela explica o porquê de seu interesse em Liesel: “O que, por sua vez, me traz ao assunto de que lhe estou falando [...]. É a história de um desses sobreviventes perpétuos – uma especialista em ser deixada para trás.”. 
     “A menina que roubava livros” conta a história de uma menina de nome Liesel Meminger. Abandonados pela mãe sem condições de criá-los, ela e seu irmão são entregues para adoção a um casal na cidade alemã de Molching. Durante a viagem de trem com destino a cidade de seus pais adotivos Liesel encontra o seu irmão que viajava a seu lado, morto. No trajeto é feita uma parada para sepultar o menino, e, é no cemitério onde nossa protagonista faz o primeiro de seus roubos: um dos coveiros deixa cair um livro intitulado “Manual do Coveiro”. Liesel passa a viver com Hans e Rosa Hubermann. A partir de então, Liesel ao decorrer da história, recebe letramento, faz amizades e, passa a roubar livros da biblioteca da mulher do prefeito, Ilsa Hermann. Ao lado de seu amigo Rudy, constrói uma amizade solidária e uma conivência nos furtos, além de um amor puro e afetuoso.
     Ao final do livro, a cidade de Molching é bombardeada pelas forças Aliadas e, não em tempo as sirenes de alerta foram acionadas. Foi um massacre. Liesel foi, talvez, a única sobrevivente da Rua Himmel. Ela passara as noites no porão da humilde casa de número 33, escrevendo em seu livro – um diário que lhe fora presenteado por Ilsa Hermann alguns dias antes. Novamente órfã, Liesel é adotada por Ilsa Hermann e seu marido. Ilsa perdera o único filho alguns anos antes. Liesel Meminger cresce, vai morar em Sydney, constitui família e morre em idade avançada.
    A obra mostra o caos que foi a Alemanha nesse período: habitantes alemães passando fome com o racionamento de mantimentos, o receio de ser considerado um traidor por parte dos membros do partido nazista, a coerção para que todos se alistassem a esse partido e, a perseguição aos que se negavam. O fanatismo da maioria dos alemães na perseguição aos judeus e a quem não fosse etnicamente alemão. O sofrimento das famílias. Crueldades que expõem o lado mais nebuloso, mísero da natureza humana, capaz de horrorizar até mesmo a singular narradora (“os seres humanos me assombram”).



Fonte:
Farias, M.S. "Resenha de 'A menina que roubava livros', de Markus Zusak". Junho de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br/

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

RESENHA: PAIXÃO DE PRIMAVERA



Título: Paixão de Primavera
Autor: Célia Xavier de Camargo
Editora: Petit
N° de páginas: 359


SINOPSE:

Na Rússia dos czares, no início da primavera, um bando de cossacos, cansados de lutar, acampa numa aldeia dos Monteis Urais. Ludmila, uma linda camponesa, apaixona-se por Yuri, o líder dos guerreiros. Seduzido, ele a arrebata, contra sua vontade, e faz dela sua mulher. Dimitri, inconformado com o rapto, quer resgatar a amada, vingar-se derramando sangue. A adorada Ludmila é desejada, amada e traída. Em Moscou, no luxuoso palacete da extravagante madame Trussot, ela convive com aqueles que vendem o amor, mas só entregam o prazer. Se o conde Alexander – vítima de terrível obsessão –, é o seu tormento, Gregory, um rico comerciante, é sua maior esperança. Uma doce paixão de primavera ainda vive em seu coração, ameaçada pelo cruel e traiçoeiro inverno russo, devorador de almas e ilusões... 

RESENHA


     Paixão de Primavera relata a história de Ludmila, uma linda moça que vive com seus pais em uma pequena aldeia nos montes Urais, na Rússia. Apesar do ambiente simples em que cresceu, era uma moça de modos muito refinados. Em uma tarde de primavera, enquanto o povo da aldeia festeja a chegada do clima propício para o trabalho, Ludmila encanta a todos com sua dança cigana, principalmente um jovem cossaco que chega de surpresa com seu bando, deixando a todos amedrontados. Yuri Vanilevitch, o líder do bando se encanta por Ludmila e ela por ele, e dão início ao amor que transformará para sempre a vida de Ludmila.

"O cossaco abraçou-a com carinho, tentando transmitir-lhe seu calor. A proximidade dele produzia-lhe uma agradável sensação. De repente, ele ergueu seu rosto e beijou-a nos lábios, palpitantes de amor." Pág. 31

     Yuri e seus amigos ficam alguns dias na aldeia, mas na hora da partida ele percebe que não conseguirá viver sem seu grande amor, então arrebata Ludmila contra a sua vontade e parte com ela se debatendo em seus braços. Porém, Ludmila ama Yuri e depois de passado o susto, acabam por viver como marido e mulher, cada vez mais apaixonados.
     Dimitri, o melhor partido da aldeia e pretendente a futuro noivo de Ludmila, inconformado com o ocorrido, decide ir atrás dela com a intenção de trazê-la de volta. Encontra o bando e se finge amigo de Yuri e acaba conseguindo permanecer no grupo, afim de assim que surgir uma oportunidade, levar Ludmila de volta para a aldeia.
     Muitas coisas acontecem a partir deste ponto. Yuri é morto numa emboscada por Dimitri, deixando a bela Ludmila grávida sem ninguém para ajudá-la. Sem imaginar sorte pior para a sua vida, a moça se vê sozinha no mundo sem coragem de voltar para os pais devido à fuga dela com Yuri.
Ludmila enfrenta muitos problemas e sofre muito, mas ela é incansável e nesta jornada, vai conhecer pessoas iluminadas que a ajudarão a enfrentar cada obstáculo.
     A história é psicografada por Célia Xavier de Camargo e teve a ajuda espiritual do grande escritor russo Leon Tolstói, autor de Anna Karenina e Guerra e Paz. Psicografia segundo o vocabulário espírita é a capacidade atribuída a certos médiuns de escrever mensagens ditadas por Espíritos.
     O livro é de uma leveza na escrita que encanta e tem uma sutileza que faz o leitor suspirar. É uma história linda e recomendo a todos que gostam de romances espíritas e também para os que nunca leram nada no gênero, garanto que será um livro inesquecível.
Paixão de primavera é um romance com uma mensagem maravilhosa, que nos mostra que precisamos ser fortes, enfrentar os problemas sem deixar nos abater, nos dominar. O livro aborda assuntos como amor, perdão, conhecimento, espiritualidade entre outros. É um livro de leitura fácil, pois é de uma linguagem simples, fluída. A obra é definitivamente uma lição de vida.

sábado, 29 de setembro de 2012

RESENHAS E RESUMOS - A TORTURA NA DITADURA MILITAR

 Introdução
      Entre 1964 a 1985 o Brasil viveu os piores anos de um regime de autoritarismo e repressão política. O regime militar derrubou um presidente civil e tomou o poder, intervindo na sociedade e reprimindo todo e qualquer tipo de manifestação contra o governo. Procuraram legalizar e legitimar a ditadura através dos Atos Institucionais cuidadosamente elaborados que concediam quase todos os poderes nas mãos dos militares. A assinatura do Ato Institucional n° 5 (AI-5) em 13  de dezembro de 1968 fechou ainda mais o cerco, suspendendo todas as liberdades democráticas e direitos constitucionais e ficou conhecido como o mais duro golpe dentro da ditadura. Nesse contexto de repressões, a prática da tortura era utilizada como instrumento para arrancar confissões e informações de todos que discordavam do novo regime.
     O trabalho que será apresentado tem como objetivo mostrar os principais  episódios que marcaram o Regime Militar, porém, nosso foco será o tema “tortura”. Apresentaremos depoimentos de presos políticos torturados durante o regime militar, bem como os principais instrumentos e modos de tortura e como se davam as prisões dos suspeitos de atividades contrárias ao governo. Abordaremos também o impacto das torturas sobre a personalidade dos indivíduos. Por fim, apresentaremos alguns nomes, entre os milhares que foram assassinados nos porões da ditadura.
                                                                                                                                            A Cara do Brasil
Na verdade, o Brasil, o que será?
Brasil é o homem que tem sede ou o que vive da seca do sertão?
Ou será que o Brasil dos dois é o mesmo que vai, é o que vem na contramão?
Brasil é o que tem talher de prata ou aquele que só come com a mão?
Ou será que o Brasil é o que não come.  Brasil gordo na contradição?
Brasil que bate tambor de lata ou o que bate carteira na estação?
Brasil é o lixo que consome ou tem nele o mana da criação?
Brasil é uma foto do Betinho ou um vídeo da Favela Naval?
São os Trens da Alegria de Brasília ou os trens de subúrbio da Central?Qual a cara da cara da nação?
 Celso Viáfora



1
A DITADURA MILITAR: MILITARES EM AÇÃO

     “Com a chegada dos militares ao poder, em 1964, instituiu-se no Brasil um período de intensa repressão e violência. Durante os 21 anos que se seguiram ao golpe de Estado que derrubou João Goulart, milhares de pessoas foram perseguidas e presas”. Muitas delas tiveram seus direitos políticos cassados e viram-se obrigadas a se exilar no exterior. Outras foram torturadas e mortas. A vida política passou a ser dirigida por dispositivos autoritários que restringiam a liberdade, censuravam os meios de comunicação e concentravam todo poder nas mãos do governo. (AZEVEDO, SERIACOPI, 2008, p. 479).
 1.1 AI-5: A Ditadura sem disfarces
      Editado por Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968, o AI-5 foi o instrumento jurídico que suspendeu todas as liberdades democráticas e direitos constitucionais, permitindo que a polícia efetuasse investigações, perseguições e prisões de cidadãos sem necessidade de mandato judicial, ocasionando graves abusos e violações dos direitos humanos por parte dos órgãos oficiais encarregados da segurança e repressão política. É considerado o mais duro golpe na democracia e deu poderes quase absolutos ao regime militar.
     Algumas determinações mais importantes do AI5 foram:
  1. Concedia poder ao Presidente da República para dar recesso a Câmara dos Deputados, Assembléias Legislativas (estaduais) e Câmara de vereadores (Municipais). No período de recesso, o poder executivo federal assumiria as funções destes poderes legislativos;
  2. Concedia poder ao Presidente da República para intervir nos estados e municípios, sem respeitar as limitações constitucionais;
  3. Concedia poder ao Presidente da República para suspender os direitos políticos, pelo período de 10 anos, de qualquer cidadão brasileiro;
  4. Concedia poder ao Presidente da República para cassar mandatos de deputados federais, estaduais e vereadores;
  5. Proibia manifestações populares de caráter político;
  6. Suspendia o direito de habeas corpus (em casos de crime político, crimes contra ordem econômica, segurança nacional e economia popular).
  7. Impunha a censura prévia para jornais, revistas, livros, peças de teatro e músicas[1].
                                                                                
                                                                                                         2
ANOS DE CHUMBO

 2.1 General Médici (1969-1974)
        Conforme Azevedo e Seriacopi (2008) durante o governo do general Médici o Brasil viveu o período mais duro da ditadura, tendo ao seu favor um vasto aparato de repressão policial e de inúmeras leis de exceção, como o AI-5:

  • Sob o lema “Sugurança e Desenvolvimento”, Médici dá inicio, em 30 de outubro de 1969, ao governo que representará o período mais absoluto de repressão, violência e supressão das liberdades civis de nossa historia republicana. Desenvolve-se um aparato de “órgãos de segurança”, com características de poder autônomo, que levará aos cárceres políticos milhares de cidadãos, transformando a tortura e o assassinato numa rotina. (ARNS, 1985, p. 63).
    Segundo os autores, nessa época, toda uma rede de órgãos repressivos funcionava para manter recuados não só os grupos de esquerda, mas também a própria sociedade.
    O Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e o Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações e Defesa Interna (DOI-CODI) ficaram conhecidas pela brutal repressão policial-militar. (Idem, ibidem). Utilizavam torturas físicas, morais e psicológicas para obter confissões dos presos políticos, sem respeitar limites da dignidade da pessoa humana.

3
A VIOLÊNCIA

  • Tortura é tudo aquilo que deliberadamente uma pessoa possa fazer a outra, produzindo dor, pânico, desgaste moral ou desequilíbrio psíquico, provocando lesão, contusão, funcionamento anormal do corpo ou das faculdades mentais, bem como prejuízo à moral. (ARNS, 1985, p. 282).
      
      “A tortura foi indiscriminadamente aplicada durante a ditadura militar no Brasil, indiferente à idade, sexo ou situação moral, física e psicológica em que se encontravam as pessoas suspeitas de atividades subversivas” (ARNS, 1985, p. 282), ou seja, militantes e pessoas envolvidas com a luta pela democracia em nosso país.

  • A tortura foi definida pela Associação Médica Mundial, em assembléia realizada em Tóquio, a 10 de outubro de 1975, como: “a imposição deliberada, sistemática e desconsiderada de sofrimento físico ou mental por parte de uma ou mais pessoas, atuando por própria conta ou seguindo ordens de qualquer tipo de poder, com o fim de forçar uma outra pessoa a dar informações, confessar, ou por outra razão qualquer”. (Idem, ibidem, p.281).

 3.1 As aulas de tortura
      Conforme o autor, a tortura durante o Regime Militar, passou à “condição de “método cientifico”, incluído em currículos de formação de militares”. Segundo o autor, o ensino deste método de arrancar confissões e informações “não era apenas teórico”, eram usadas cobaias para o aprendizado prático. (Idem, ibidem).

  • (...) que o método de torturas foi institucionalizado em nosso País e, que a prova deste fato não está na aplicação das torturas pura e simplesmente, mas, no fato de se ministrarem aulas a este respeito, sendo que, em uma delas o Interrogado e alguns dos seus companheiros, serviram de cobaias, aula esta que se realizou na PE da GB, foi ministrada para cem (100) militares das Forças Armadas, sendo seu instrutor um Ten. Haylton, daquela U.M.; que, à concomitância da projeção dos “slides” sobre torturas elas eram demonstradas na pratica, nos acusados, como o interrogado e seus companheiros, para toda a platéia; (..Ainda segundo o autor, o policial norte-americano Dan Mitrione foi um dos primeiros a dar aulas de tortura no Brasil. Nos primeiros anos do regime militar, Dan Mitrione era instrutor em BH, onde se utilizava de mendigos recolhidos nas ruas para instruir a polícia local.
    O estudante Afonso Celso Lana Leite, 25 anos, denunciou ao Conselho Militar, ter sido torturado em instruções oferecidas a oficiais no quartel da P.E. (Polícia do Exército) e na Vila Militar:
  •  (...) que, no dia 8 de outubro, na P.E. 1, posto de Segurança Nacional, quando era ministrada uma aula, na presença de mais de cem pessoas foram trazidos para aquela aula companheiros e, nesta ocasião, passaram filmes de fatos relacionados com torturas e em seguida era confirmada com a presença do denunciado, sendo, naquela ocasião também, torturados; ocasião esta coincidente com o seu depoimento; que estas torturas, ou seja, as acima descritas, se repetiram na Vila Militar.(...) (apud: Idem, ibidem).

3.1.1 Os instrumentos de tortura
      Em vinte anos de Regime Militar, revelou-se quase uma centena de modos diferentes de tortura, mediante agressão física, pressão psicológica e utilização dos mais variados instrumentos, aplicados aos presos políticos brasileiros. (ARNS, 1985, p. 34).
     Os principais modos e instrumentos de tortura adotados pela repressão no Brasil são:
 O Pau-de-arara
    Consiste numa barra de ferro que era atravessada entre os punhos amarrados e a dobra do joelho, sendo o conjunto colocado entre duas mesas, ficando o corpo do torturado pendurado a cerca de 20 ou 30 centímetros do solo. Este método quase nunca era utilizado isoladamente, seus complementos normais eram eletro choques, a palmatória e o afogamento:
  •  
  • (...) que o pau-de-arara era uma estrutura metálica, desmontável, (...) que era constituído de dois triângulos de tubo galvanizado em que um dos vértices possuía duas meias-luas em que eram apoiados e que, por sua vez, era introduzida debaixo de seus joelhos e entre as suas mãos que eram amarradas e levadas ate os joelhos (...)[3]
O Choque Elétrico
    Foi um dos métodos de tortura mais cruéis e largamente utilizados durante o regime militar. Geralmente, o choque é dado através de um telefone de campanha do exército que possuía dois fios longos que eram ligados ao corpo, normalmente nas partes sexuais, além dos ouvidos, dentes, língua e dedos. O acusado recebia descargas sucessivas, a ponto de cair no chão:

  •  (...) que foi conduzido às dependências do DOI-CODI, onde foi torturado nu, após tomar um banho pendurado no pau-de-arara, onde recebeu choques elétricos, através de um magneto, em seus órgãos genitais e por todo o corpo, (...) foi-lhe amarrado um dos terminais do magneto num dedo de seu pé e no seu pênis, onde recebeu descargas sucessivas, a ponto de cair no chão (...)[4]
  •  O choque é desesperador. Mexe com tudo, parece que você está desabando. Choque no ânus, por exemplo, parece que você está desmontando inteiro por dentro. Choque no ouvido se reflete em outros lugares. Você contrai toda essa região do maxilar e caem todas as suas obturações. Eu, por exemplo, tive que mandar refazer todas quando saí de lá.caíram todas com os choques. Choque não é uma dor localizada. É como se tivesse uma broca por dentro de você, te furando, te desmontando. Irradia pelo corpo inteiro.[5]
A Pimentinha
   Era uma máquina que era constituída de uma caixa de madeira que, no seu interior, tinha um ímã permanente, no campo do qual girava um rotor combinado, de cujos terminais uma escova recolhia corrente elétrica que era conduzida através de fios. Essa máquina dava choques em torno de 100 volts no acusado.
 Afogamento
   No Afogamento, os torturadores fechavam as narinas do preso e colocavam uma mangueira, toalha molhada ou tubo de borracha dentro da boca do acusado para obrigá-lo a engolir água. Outro método era mergulhar a cabeça do torturado em um balde, tanque ou tambor cheio de água (ou até fezes), forçando sua nuca para baixo até o limite do afogamento.
 A Cadeira do Dragão
   A cadeira do dragão era uma espécie de cadeira elétrica, onde os presos sentavam pelados numa cadeira revestida de zinco ligada a terminais elétricos. Quando o aparelho era ligado na eletricidade, o zinco transmitia choques a todo o corpo. Muitas vezes, os torturadores enfiavam na cabeça da vítima um balde de metal, onde também eram aplicados choques.

  •  (...) o interrogado foi obrigado a se sentar em uma cadeira, tipo barbeiro, à qual foi amarrado com correias revestidas de espumas, além de outras placas de espuma que cobriam seu corpo; que amarraram seus dedos com fios elétricos, dedos dos pés e mãos, iniciando-se, também, então uma série de choques elétricos; que, ao mesmo tempo, outro torturador com um bastão elétrico dava choques entre as pernas e pênis do acusado;[6]
Geladeira
    Na geladeira os presos ficavam pelados numa cela baixa e pequena, que os impedia de ficar de pé. Depois, os torturadores alternavam um sistema de refrigeração super frio e um sistema de aquecimento que produzia calor insuportável, enquanto alto-falantes emitiam sons irritantes. Os presos ficavam na "geladeira" por vários dias, sem água ou comida.

  •  (...) que foi colocado nu em um ambiente de temperatura baixíssima e dimensões reduzidas, onde permaneceu a maior parte dos dias que lá esteve; que nesse mesmo local havia um excesso de sons que pareciam sair do teto, muito estridentes, dando a impressão de que os ouvidos iriam arrebentar; (...)[7]
Produtos químicos
    Havia vários produtos químicos que eram comprovadamente utilizados como método de tortura. Para fazer o acusado confessar, era aplicado soro de pentatotal, substância que fazia a pessoa falar, em estado de sonolência. Em alguns casos, ácido era jogado no rosto da vítima, o que podia causar inchaço ou mesmo deformação permanente[8].

 3.1.2 Outros modos de tortura
Lesões físicas
  • (...) foi o interrogado tirado do hospital, tendo sido novamente pendurado em uma grade, com os braços para cima, tendo sido lhe arrancada sua perna mecânica, colocado um capuz na cabeça, amarrado seu pênis com uma corda, para impedir a urina; (...) Que, ao chegar o interrogado à sala de investigações, foi mandado amarrar seus testículos, tendo sido arrastado pelo meio da sala e pendurado para cima, amarrado pelos testículos; (...)[9]
Torturas psicológicas    
    Os prisioneiros sofriam muitas torturas psicológicas e eram postos a todo o momento ao ridículo, ao vexame. Maria Diva de Faria era enfermeira quando foi presa em 5 de setembro de 1973, em São Paulo (SP). Hoje, vive na mesma cidade e é aposentada:
  •  
  • “Teve uma tortura que aconteceu na véspera do Sete de Setembro. Sei que foi esse dia porque a gente escutava o ensaio das bandas. Me levaram para uma sala com acústica de madeira. Tocava uma música de enlouquecer. Era um som como se estivessem arranhando a parede. A música foi aumentando cada vez mais. Quando eu saí de lá, minha cabeça estava latejando. Por pouco eu não enlouqueci. Lá no DOI-CODI, todo dia eu ia para o interrogatório, e as torturas eram de todas as formas, como na cadeira do dragão, e sempre nua. E eles ameaçavam as pessoas que a gente conhecia. Um dia me chamaram e eu vi o Paulo [Stuart Wright] encapuzado. Reconheci-o pelo terno que ele estava usando, que fui eu quem tinha dado para ele, e também pela voz. Os torturadores falavam muito das presas, ridicularizavam, gritando para você ouvir. Eram coisas libidinosas, como do tamanho da vagina de uma pessoa que eu conhecia. Uma vez, eles me chamaram para um interrogatório com um homem negro que diziam ser um psicólogo. Isso foi muito tocante para mim, porque é claro que chamaram um homem negro para eu me sentir identificada. Um dia, eles me chamaram no pátio e lá estava o satanás encarnado, o capitão Ubirajara [codinome do delegado de polícia Laerte Aparecido Calandra], apoiado num carro, e um outro ao lado dele em pé, e um bando de homens do outro lado. Ele me pôs para marchar na frente dele, para lá e para cá, para lá e para cá durante um bom tempo. E os homens falando: ‘Ô negra feia. Isso aí devia estar é no fogão. Negra horrorosa, com esse barrigão. Isso aí não serve nem para cozinhar. Isso aí não precisava nem comer com essa banhona, negra horrorosa’. E eu tendo de marchar. Imagine só, rebaixar o ser humano a esse ponto”; (...) (apud MACHADO, 2010).

      Várias militantes foram assassinadas pelos torturadores, algumas grávidas, outras amamentavam. Muitas tiveram seus filhos na prisão, outras abortaram devido às agressões sofridas.

  •  “Sobe depressa, Miss Brasil”, dizia o torturador enquanto me empurrava e beliscava minhas nádegas escada acima no Dops. Eu sangrava muito e não tinha absorvente. Eram os 45 dias do parto. Riram mais ainda quando ele veio para cima de mim e abriu meu vestido. Segurei meus seios, o leite escorreu. Eu sabia que estava com um cheiro de suor, de sangue, de leite azedo. Ele (delegado Fleury) ria, zombava do cheiro horrível e mexia em seu sexo por cima da calça com um olhar de louco. O torturador zombava: “Esse leitinho o nenê não vai ter mais”. Lutei como podia, joguei a latinha da seringa no chão, mas um outro segurou-me e o enfermeiro aplicou a injeção na minha coxa. “E se não melhorar, vai para o barranco, porque aqui ninguém fica doente.” Esse foi o começo da pior parte. Passaram a ameaçar buscar meu filho. ‘Vamos quebrar a perna’, dizia um. ‘Queimar com cigarro’, dizia outro.[10]
    Segundo Arns (1985, p.48), “para as forças repressivas, as razões de Estado predominavam sobre o direito à vida”. Muitas mulheres que, nas prisões tiveram sua sexualidade profanada e os frutos dos ventres arrancados, preferiram o silêncio, mas, outras optaram em denunciar na Justiça militar as moléstias sofridas, “ou tiveram seus casos relatados por maridos ou companheiros” (Idem, Ibidem).
  •  
  • (...) o interrogado ouviu os gritos de sua esposa e, ao pedir aos policiais que não a maltratassem, uma vez que a mesma se encontrava grávida, obteve como resposta uma risada; (...) que ainda, neste mesmo dia, teve o interrogado noticia de que sua esposa sofrera uma hemorragia, constando-se posteriormente, que a mesma sofrera um aborto; (...)[11]
      Além de mulheres e homens, crianças foram interrogadas com a intenção de obterem delas informações que comprometessem seus pais.  A camponesa Maria José de Souza Barros, de Jupiara, contou em 1973:

  •  (...) e ainda levaram seu filho para o mato, judiaram com o mesmo, com a finalidade de dar conta de seu marido; que o menino se chama Francisco de Souza Barros e tem a idade de nove anos; que a policia levou o menino às cinco foras da tarde e somente voltou com ele às duas da madrugada mais ou menos; (...)(apud: ARNS, 1985, p. 47).
4
AS PRISÕES
      O sistema repressivo do regime militar tinha um modo típico para realizar as prisões dos “suspeitos de atividades políticas contrárias ao governo”. As prisões eram cercadas de um clima de terror, do qual não se poupavam nem as pessoas isentas de qualquer suspeita. (ARNS, 1985, p. 77).
     Num completo desrespeito a todas as garantias individuais dos cidadãos, previstas na Constituição que os generais alegavam respeitar, ocorreu uma prática sistemática de detenções na forma de sequestro, sem qualquer mandato judicial nem observância de qualquer lei. (Idem, Ibidem).

  • (...) no dia 28 de janeiro de 1969, fomos surpreendidos, de madrugada, pela ação de uma caravana policial (...). O que presenciei foi isto: estava eu dormindo, quando acordei com o som de tiros de revólver. Logo vi a porta da copa (onde eu estava) ser arrombada e logo surgiu um vulto que entrou, logo disparando muitos tiros; logo depois ouvi, à minha direita, rajadas de metralhadoras (...)[12]
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IMPACTOS SOBRE A PERSONALIDADE
     Alguns prisioneiros tiveram sua personalidade de tal modo afetada pelas torturas, que passaram a aceitar, para sobreviverem, todas as imposições de seus carcereiros.

  • (...) em mim, essas torturas tiveram ainda o papel de desestruturar psicologicamente. Elas levaram-me até o ponto de ir à televisão fazer um pronunciamento contra a luta pela qual eu participava. Eu fui à televisão, fiz um pronunciamento renegando minhas ideias, e fiz tudo isto sob um estado de completa desestruturação por todas as torturas sofridas, por todas as ameaças e pelo medo que eu tinha de vir a ser morto. (...)[13]
      Muitos prisioneiros chegaram a atentar contra a própria vida, no esforço extremo de se livrarem das incessantes torturas. Outros “faziam da tentativa de suicídio uma forma de protesto, e, para outros ainda, era o recurso extremo da fidelidade às suas convicções, diante de um inimigo revestido de autoridade de Estado e que tinha a seu favor o tempo, a crueldade dos modos e dos instrumentos de suplício, e a impunidade”. (RODRIGUES, 2010). Um caso que pode exemplificar bem a situação foi o do Frei Tito de Alencar Lima, que mesmo após escapar da morte numa tentativa de suicídio na prisão em 1970, enforcou-se anos depois, já no exílio, por não suportar as lembranças das brutalidades sofridas enquanto torturado. (ARNS, 1985).
                                                                                                          
                                                                                                           6
MORTOS SOB TORTURA
     O Projeto BNM, analisando processos políticos, “constatou o testemunho de pessoas que presenciaram a morte de outros presos políticos, sob tortura” (ARNS, 1985, p. 247). Muitos desaparecidos provavelmente também tenham sido mortos sob as mesmas circunstâncias.
  • (...) que tais torturas duraram até sete da manhã, quando Chael parou de gritar, ficando caído no chão; (...) que Chael foi pisado; que era uma sexta-feira, tendo Chael morrido no sábado; (...) que Chael estava gritando desesperadamente na Polícia do Exército, no sábado pela manha; que somente vinte dias depois veio (a) ter noticias da morte de Chael; que Antônio Roberto assistiu à morte de Chael; (...) CHARLES CHAEL, que foi chutado igual a um cão, cujo atestado de óbito registra 7 costelas quebradas, hemorragia interna, hemorragias puntiformes cerebrais, esquimoses em todo o corpo. (...)[14]
 Alguns mortos sob tortura:

  • Chael Charles Schreider
  • João Lucas Alves
  • Severino Viana Calú
  • Eduardo Leite
  • Luís Eduardo da Rocha Merlino
  • Joaquim Alencar Seixas
  • Carlos Nicolau Danielli
  • Odijas Carvalho de Souza
  • Alexandre Vanucchi Lemme
  • José Ferreira de Almeida
  • Wladimir Herzog[15]
6.1 Desaparecidos Políticos
     Segundo Arns (1985, p. 260) “a condição de desaparecido político corresponde ao estágio maior do grau de repressão política, isto porque, impede desde logo, a aplicação dos dispositivos legais estabelecidos em defesa da liberdade pessoal, da integridade física, da dignidade e da própria vida humana, o que constitui um confortável recurso, cada vez mais utilizado pela repressão”.

  • Até quando haverá, no Brasil, mulheres que não sabem se são viúvas; filhos que não sabem se são órfãos; criaturas humanas que batem em vão em portas implacavelmente trancadas, de um Brasil que julgávamos ingenuamente isento de tais insanas crueldades?(Tristão de Athayde).
  • (...) que quer esclarecer que o Dr. Antônio Joaquim Machado é advogado, preso em 15 de fevereiro de 1971, no Rio de Janeiro, em Ipanema, nas proximidades da rua Joana Angélica, foi possivelmente assassinado sob tortura, na PE; que a declarante morou com esta pessoa cerca de 8 meses; que a declarante conhecia, desde menina, a família, e sabe que o mesmo foi preso nessa data, porque juntamente com ele foram presos Carlos Alberto Soares de Freitas e Emanuel Paiva, e desde essa data, tanto o primeiro, como o segundo, Carlos Alberto de Freitas, continuam desaparecidos, esgotados todos os recursos legais para encontrá-los; que dos três elementos presos, o único encontrado com vida foi o Emanuel, que se encontra preso respondendo processo; (...)[16]
 Conclusão
   Através desse trabalho, percebemos que a ditadura foi um dos piores golpes que já aconteceram no Brasil. Muitas pessoas foram torturadas, morreram, muitas se exilaram no exterior, e foi um período que marcou para sempre quem viveu na época. A ditadura era violenta com qualquer pessoa que se manifestasse contra o sistema, realizando prisões, torturando e até matando seus opositores.
     A tortura foi empregada para neutralizar os opositores e foi a feição mais desumana da repressão contra a população. Aperfeiçoaram-se através de aulas teóricas e práticas e utilizavam-se de vários instrumentos para reprimir e desmobilizar quem fosse contra o sistema.
      Com a assinatura do Ato Institucional n 5 (AI-5) os presos políticos não tinham a quem recorrer, já que a violência era imposta pelo próprio Governo brasileiro. Uma violência legitimada, por um sistema autoritário que não tinha o mínimo de respeito aos direitos humanos.

Referências
 ARNS, Dom Paulo Evaristo.  Brasil: nunca mais. 4 ed. Petrópolis: Vozes,1985.
AZEVEDO, Gislane; SERIACOPI, Reinaldo. História. 1 ed. São Paulo: Ática, 2008. 552p.
 GOULART, Valéria dias Scarance Fernandes. Tortura e prova no processo penal. São Paulo: Atlas, 2002. 128 p.
 Mortos sob tortura. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/dados/projetos/dh/br/tnmais/mortos.html>. Acessado em: 15 set. 2011.
 NAVARO, Roberto. Quais foram as torturas utilizadas na época da ditadura militar no Brasil? Disponível em: <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-foram-as-torturas-utilizadas-na-epoca-da-ditadura-militar-no-brasil>. Acessado em: 18 set. 2011.
 RODRIGUES, Larissa Basarin. Aspectos Psicológicos da Violência Política no Brasil durante a Ditadura Militar.2010. <http://www.webartigos.com/artigos/aspectos-psicologicos-da-violencia-politica-no-brasil-durante-a-ditadura-militar/54098/>. Acessado em 12 set. 2011. 
 Tristão de Athaydeapud SILVA, Vanessa Gonçalves da.  Cova Rasa.  http://www.jornalorebate.com/colunistas2/van1.htm. Acesso em 15 set. 2011.
 FICO, Carlos. Versões e controvérsias sobre 1964 e a dtadura militar. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/4062050/Versoes-e-controversias-sobre-1964>. Acesso em 15 set. 2011.
                              



[1] Todas as informações acima citadas estão disponíveis em: FICO, Machado. Versões e controvérsias sobre 1964 e a ditadura militar. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/4062050/Versoes-e-controversias-sobre-1964>. Acesso em 15 set. 2011.
[2] Depoimento de Maurício Vieira de Paiva, estudante, 25 anos. (apud:  ARNS, 1987, p. 32.)
[3] Depoimento de Maurício Vieira de Paiva, estudante, 25 anos. (apud: ARNS, 1985, p. 32).
[4] Depoimento de José Milton Ferreira de Almeida, 31 anos, engenheiro, Rio. (apud: idem, p.35).
[5] Depoimento citado por Fernando Jordão: (apud: GOULAT, 2002, p. 79).
[6] Depoimento de José Augusto Dias Pires, 24 anos, jornalista, Rio. (apud ARNS, 1985, p. 37).
[7] José Mendes Ribeiro, 24 anos, estudante de medicina, Rio. (apud: Idem, ibidem).
[8] Todos os modos e instrumentos de tortura acima presentados foram extraídos do sitehttp://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-foram-as-torturas-utilizadas-na-epoca-da-ditadura-militar-no-brasil
[9] Manoel da Conceição Santos, 35 anos, agricultor, Ceará. (apud: Idem, ibidem, p.40-41).
[10] Depoimento de Rose Nogueira, jornalista, presa em 1969. (apud: MACHADO, 2010).
[11] Depoimento do professor Luiz Andréa Favero, 26 anos, preso em Foz do Iguaçu. (apud: ARNS, 1985, p.50).
[12] Depoimento de Júlio Antonio Bittencourt Almeida, 24 anos, preso em BH. (apud: Idem, ibidem, p.77).
[13] Depoimento de Manoel Henrique Ferreira, 21 anos, bancário. (apud: Idem, ibidem, p.221).
[14] Depoimento de Maria Auxiliadora Lara Barcelos, 25 anos, estudante. (apud: Idem, ibidem, p. 227).
[15] Os nomes acima citados encontram-se disponíveis em: Mortos sob tortura.<http://www.dhnet.org.br/dados/projetos/dh/br/tnmais/mortos.html>. Acessado em: 15 set. 2011.
 [16] Interrogatório de Maria Clara Arantes Pêgo, 28 anos. (apud: ARNS, 1985, p. 265).

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

FLOR DO DESERTO

                                                            FLOR DO DESERTO  
Blog de resenhasterracota : Resenhas e resumos Terracota, FLOR DO DESERTO     A história da modelo Waris Dirie é impressionante. Nascida na Somália, aos três anos teve suas genitais mutiladas. Aos 13 anos, atravessou sozinha um deserto para fugir do um casamento arranjado com um homem de sessenta anos. Na mesma ocasião, passando por Mogadisco, capital da Somália, trabalhou para parentes em uma Embaixada em Londres. Passou toda a sua adolescência sem saber falar inglês e ganhou uma nova chance ao fazer amizade com uma estranha. Trabalhando num restaurante fast-food, acaba sendo descoberta pelo famoso fotógrafo Terry Donaldson e, por meio da ambiciosa agente Lucinda, se transforma em uma grande modelo. 
     Apesar dos bastidores da moda servirem como pano de fundo durante boa parte do filme o foco da narrativa é a luta da somali contra a circuncisão feminina na África, tradição milenar à qual ela mesma foi submetida quando criança.
     Sem dúvidas, Waris Dirie tem tantas experiências de vida que o cinema não poderia perder a oportunidade de retratá-la. Foi isto que a americana Sherry Horman fez em “Flor do Deserto”, dirigindo e roteirizando a partir do livro escrito pela própria Waris Dirie.
     “Flor do deserto” é um filme emocionante, bem feito e importante para ajudar nesse processo de conscientização das pessoas contra um costume tão bárbaro. Não é razoável permitir que práticas cruéis se perpetuem por serem tradição. Só os hábitos que respeitam e valorizam a dignidade humana deveriam ser mantidos. Mas em alguns países, especialmente Sudão, Egito e Somália, as mulheres ainda são vistas como objeto e propriedade da família ou do marido. Isso não é normal e precisa acabar para que esse mundo se torne mais justo. 
     “Flor do Deserto” tem muito para mostrar. É um filme totalmente oportuno com sua denúncia, ganhando peso com um testemunho devastador de Waris Dirie para uma jornalista onde explica, detalhadamente, os métodos cirúrgicos de sua circuncisão. 

           

OS MISERÁVEIS

   A história se passa em plena  Revolução Francesa  do  século XIX  entre duas grandes batalhas: a  Batalha de Waterloo  e os motins ...