sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

CARTA ESCRITA EM 2070 DC

Hoje não vou postar resumo nem resenha. Vou compartilhar com vocês um e-mail que recebi. Achei muito interessante e vale a pena refletir sobre o conteúdo. Boa leitura e reflexão.




CARTA ESCRITA EM 2070 DC


Documento extraído da revista biográfica "Crónicas de los Tiempos" de abril de 2002.
Um exercício de imaginação, que está para além da ficção. Preocupante por vermos que diariamente se desperdiça um recurso tão importante e que não é inesgotável.



     Ano 2070. Acabo de completar 50 anos, mas a minha aparência é de alguém com 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade. Recordo quando tinha cinco anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro.. . Agora usamos toalhas de azeite mineral para limpar a pele. Antes, todas as mulheres mostravam as suas formosas cabeleiras. Agora, devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem água. Antes, o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje, os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA DA ÁGUA, só que ninguém lhes ligava - pensávamos que a água
jamais podia acabar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aqüíferos estão Irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes, a quantidade de água indicada como ideal para beber eram oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo e tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado já que as redes de esgotos não se usam por falta de água. A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele provocadas pelos raios ultravioletas que já não tem a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. A industria está paralisadas e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-nos em água potável os salários. Os assaltos por um bidão de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele, uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40. Os cientistas investigam, mas não parece haver solução possível. Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores e isso ajuda a diminuir o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se também a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos e como conseqüência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações. O governo cobra-nos pelo ar que respiramos (137 m3 por dia por habitante adulto). As pessoas que não podem pagar são retiradas das "zonas ventiladas". Estas estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam a energia solar. Embora não sendo de boa qualidade, pode-se respirar. A idade média é de 35 anos. Em alguns países existem manchas de vegetação normalmente perto de um rio, que é fortemente vigiado pelo exercito. A água tornou-se num tesouro muito cobiçado - mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui não há arvores, porque quase nunca chove e quando se registra precipitação, é chuva ácida. As estações do ano tem sido severamente alteradas pelos testes atômicos. Advertiam-nos que devíamos cuidar do meio ambiente e ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse, o saudável que era a gente, ela pergunta-me: Papá! Porque se acabou a água? Então, sinto um nó na garganta; não deixo de me sentir culpado, porque pertenço à
geração que foi destruindo o meio ambiente ou simplesmente não levamos em conta tantos avisos. Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco tempo porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível. Como gostaria voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto, quando ainda podíamos fazer algo para salvar ao nosso planeta Terra!

"Crónicas de los Tiempos" de abril de 2002

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

RESENHA: A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS


     Comprei o livro apenas pelo fato de ter gostado da capa. Deixei-o guardado por um longo período sem ao menos ler a sinopse, pois, este não era o livro prioridade ou obrigatório para minhas leituras. Um belo dia, enjoada de olhá-lo parado na estante, resolvi ler ao menos as primeiras páginas. O encanto foi imediato. Comecei a ler e só parei quando cheguei à última pagina. Que livro maravilhoso, me fez chorar diversas vezes ganhando seu lugar de destaque entre os livros que já li.

Título original:  The Book Thief 
Autor: Marcos Zusak
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 480

Zusak, M. A menina que roubava livros. Rio de Janeiro, Intrínseca, 2008. 382 p.



RESENHA:

     O autor, Markus Zusak escreveu um romance maravilhoso, retratando com muita clareza os horrores do período Hitleriano, da Segunda Guerra Mundial. Uma jovem durante o período da Alemanha nazista lutando profundamente para defender seus princípios, por não se deixar manipular pelo horrível ideal de Hitler, ao passo que ela amadurece e aflora para o primeiro amor. Zusak ainda chama a atenção para algo importantíssimo: a força das palavras, a influência delas sobre o ser humano.
     O livro é uma narrativa da Morte, seu foco é a vida de Liesel e o que a ela for relacionado. Organiza-se em dez partes, cada qual com cerca de quarenta páginas, mais o prólogo onde a narradora apresenta a ela mesma e a nossa protagonista e ainda um epílogo falando sobre a morte de Liesel e o destino de alguns dos personagens secundários. Posteriormente há uma parte dedicada aos agradecimentos do autor e um trecho falando sobre ele.
      A narradora (a morte) mostra-se muito diferente do juízo que lhe fazemos. Em partes do livro ela busca dialogar com o leitor, mostrando que apesar de não ser humana, tem de certa forma sentimentos. Após apresentar-se ela explica o porquê de seu interesse em Liesel: “O que, por sua vez, me traz ao assunto de que lhe estou falando [...]. É a história de um desses sobreviventes perpétuos – uma especialista em ser deixada para trás.”. 
     “A menina que roubava livros” conta a história de uma menina de nome Liesel Meminger. Abandonados pela mãe sem condições de criá-los, ela e seu irmão são entregues para adoção a um casal na cidade alemã de Molching. Durante a viagem de trem com destino a cidade de seus pais adotivos Liesel encontra o seu irmão que viajava a seu lado, morto. No trajeto é feita uma parada para sepultar o menino, e, é no cemitério onde nossa protagonista faz o primeiro de seus roubos: um dos coveiros deixa cair um livro intitulado “Manual do Coveiro”. Liesel passa a viver com Hans e Rosa Hubermann. A partir de então, Liesel ao decorrer da história, recebe letramento, faz amizades e, passa a roubar livros da biblioteca da mulher do prefeito, Ilsa Hermann. Ao lado de seu amigo Rudy, constrói uma amizade solidária e uma conivência nos furtos, além de um amor puro e afetuoso.
     Ao final do livro, a cidade de Molching é bombardeada pelas forças Aliadas e, não em tempo as sirenes de alerta foram acionadas. Foi um massacre. Liesel foi, talvez, a única sobrevivente da Rua Himmel. Ela passara as noites no porão da humilde casa de número 33, escrevendo em seu livro – um diário que lhe fora presenteado por Ilsa Hermann alguns dias antes. Novamente órfã, Liesel é adotada por Ilsa Hermann e seu marido. Ilsa perdera o único filho alguns anos antes. Liesel Meminger cresce, vai morar em Sydney, constitui família e morre em idade avançada.
    A obra mostra o caos que foi a Alemanha nesse período: habitantes alemães passando fome com o racionamento de mantimentos, o receio de ser considerado um traidor por parte dos membros do partido nazista, a coerção para que todos se alistassem a esse partido e, a perseguição aos que se negavam. O fanatismo da maioria dos alemães na perseguição aos judeus e a quem não fosse etnicamente alemão. O sofrimento das famílias. Crueldades que expõem o lado mais nebuloso, mísero da natureza humana, capaz de horrorizar até mesmo a singular narradora (“os seres humanos me assombram”).



Fonte:
Farias, M.S. "Resenha de 'A menina que roubava livros', de Markus Zusak". Junho de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br/

OS MISERÁVEIS

   A história se passa em plena  Revolução Francesa  do  século XIX  entre duas grandes batalhas: a  Batalha de Waterloo  e os motins ...